O que me custou mais em tudo isto foi exactamente a falta de amor pela Língua que dizem querer valorizar. E foi feito à revelia dos cidadãos e das instituições que velam por ela. Neste país nunca houve da parte dos governantes qualquer respeito pelo cidadão, só fingem tê-lo no tempo das eleições, depois borrifam-se para o que pensamos ou queremos, porque nós, enquanto povo, dobramos a espinha ao poder, não temos orgulho do nosso país. Por isso temos uma troika estrangeira a estalar o chicote nos nossos lombos. A nossa Língua estava a evoluir naturalmente, como é próprio de qualquer língua no mundo. O que se fez foi um "favor" não ao nosso país, mas a outro, como se tem feito em outros aspectos, sempre com o complexo de menoridade (falamos com muita bazófia para esconder a insegurança e a falta de cultura e de competência). Já no anterior acordo, o Brasil, depois de o assinar, "borrifou-se" para ele e para nós e continuou a escrever como sempre. Vendemo-nos por pouco. Este malfadado Acordo só entraria em vigor em 2014, infelizmente os jornais e as editoras que deviam ter acautelado a Língua dos seus jornalistas e escritores, apressaram-se a render-se ao poder e aos interesses (de futuros ganhos, ainda que possam vir a ser apenas fumo...).
Deana Barroqueiro, 5/02/2012