mardi 29 décembre 2015

O Negócio do Acordo Ortográfico


0 1101
ODIABO600x200
O projecto, nascido da cabeça do intelectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o início um empreendimento com fins lucrativos, apoiado por uma poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal.
O português mais distraído talvez pense que um colégio de sábios bons e eminentes terá decidido um dia, após longos anos de estudo e investigação, proceder à reforma do sistema ortográfico da Língua Portuguesa – e que os governos dos países lusófonos, tendo-se debruçado sobre o assunto com o auxílio ponderado de gramáticos e lexicógrafos, terão conscienciosamente aprovado essa tão bem preparada reforma. Mas o português distraído estaria redondamente enganado.
Já se sabia que o acordo ortográfico foi preparado em cima do joelho, longe do debate público e do escrutínio do povo, dos mestres da Língua e dos especialistas da Gramática. Mas só agora começa a conhecer-se, em detalhe, todo o processo de promoção de um tratado internacional que, embora já esteja a ser aplicado em alguns países (como Portugal), só entrará plenamente em vigor, se algum dia entrar, quando todos os governos lusófonos o assinarem. E ainda falta um…
Em Portugal, no Brasil e em Angola, o acordo suscita enormes polémicas e tem contra si uma parte considerável do mundo académico e literário. Não obstante, governos e parlamentos dos PALOP têm vindo a ratificar consecutivamente o tratado, na ilusão “politicamente correcta” (estranhamente adoptada em Portugal por Executivos de centro-direita) de que ele representa “progresso” e “igualdade”.
A ideia, é certo, nasceu na cabeça de um académico esquerdista, o brasileiro Antônio Houaiss, que contou em Portugal com o providencial auxílio do linguista Malaca Casteleiro. Viajemos, então, no tempo e procuremos a génese de todo o processo, que nas últimas três décadas tem enchido os bolsos a um grupo restrito de autores e editores.
Segundo o testemunho do escritor português Ernesto Rodrigues, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, publicado no seu ‘blog’ na internet, “Antônio Houaiss e Malaca Casteleiro dinamizavam, desde 1986, um projecto de acordo ortográfico”. Este fora sugerido, em primeiro lugar, no ano anterior, por Houaiss, que até aí fizera carreira como autor de versões brasileiras de dicionários enciclopédicos e dirigira, havia pouco, um “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” (1981).
Consultor de editoras privadas
houaissQuem era Antônio Houaiss? De origem libanesa, nascido no Rio de Janeiro em 1915, Houaiss era docente de Língua Portuguesa e consultor de várias editoras privadas de livros quando a ideia lhe surgiu. Apoiante de Getúlio Vargas (e depois de Leonel Brizola e do Partido Democrático Trabalhista, membro da Internacional Socialista), nunca escondeu as suas ideias políticas.
Estas levá-lo-iam mais tarde ao cargo de ministro da Cultura no governo socialista de Itamar Franco, entre 1992 e 1993, e à direcção do Conselho Nacional de Política Cultural, do Ministério da Cultura (1994-1995). Foi a seguir (1996) presidente da Academia Brasileira de Letras. Jocosamente, o humorista brasileiro Millôr Fernandes referia-se-lhe dizendo: “Houaiss conhece todas as palavras da Língua Portuguesa, ele só não sabe juntá-las”.
Em 1985, Antônio Houaiss era apenas um intelectual de esquerda com uma ambição: compor um dicionário da Língua Portuguesa que ombreasse com o famoso “Dicionário Aurélio”, da autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, que desde a sua primeira edição, em 1975, já vendera até então mais de um milhão de exemplares. Mas Houaiss confrontava-se com uma “pequena” dificuldade técnica: para ultrapassar as marcas de Aurélio, o seu dicionário teria de galgar as fronteiras do Brasil e impor-se em todo o mundo lusófono como obra de referência. E para tanto era preciso “unificar a Língua”…
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde sucedeu a Álvaro Lins (diplomata “progressista” que nos anos 50 provocara uma crise diplomática entre Brasília e Lisboa ao conceder asilo político a Humberto Delgado na embaixada brasileira em Portugal), Houaiss começou a congeminar um projecto de “unificação ortográfica” logo em 1985, com o auxílio do filólogo Mauro de Salles Villar.
No início de 1986, Houaiss promoveu no Rio de Janeiro os primeiros “Encontros para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa”, que haveriam de arrastar-se até 1990. O dicionarista obtivera para isso “carta branca da ABL”, segundo referiu José Carlos de Azeredo, professor do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista ao jornal digital brasileiro UOL. “O Antônio Houaiss era o único representante brasileiro”, especificou.
Máquina política e comercial
De início, a intelectualidade dos dois lados do Atlântico fez vista grossa à flagrante coincidência entre o autor da ideia de “unificar a Língua” e o potencial autor do primeiro grande dicionário da Língua “unificada”. Só depois, por fugas de informação, a comunidade científica se apercebeu da monstruosidade do propósito. Mas a máquina política e comercial já estava em marcha…
Em 1990, os representantes dos PALOPs são levados a subscrever um primeiro tratado com vista à “uniformização” da ortografia. E Antônio Houaiss e Salles Villar embrenham-se na elaboração da sua obra-prima. De caminho, Houaiss vinha publicando outros livros, de carácter mais partidário, como “O fracasso do conservadorismo”, “Brasil-URSS 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas”, “Socialismo e liberdade” ou “Socialismo – Vida, morte e ressurreição”. Creditava-se, assim, como político, condição que assumiu plenamente ao integrar o governo socialista de Itamar Franco, na sequência do ‘impeachment’ do presidente Collor de Melo.
Por esta altura, tornara-se óbvia a falta de entusiasmo dos intelectuais brasileiros quanto a uma reforma da ortografia. Um primeiro acordo fora assinado, é certo, mas previa-se um longo e difícil caminho até à sua promulgação final no Brasil. Na própria Academia Brasileira de Letras, muitos eram os académicos que se manifestavam contra o projecto. Um deles, o conhecido gramático Evanildo Bechara, afirmava mesmo: “Deus nos livre desta monstruosidade”.
Que fazer? A generalidade dos cientistas opunha-se ao acordo, mas este estava assinado e podia, ainda que informalmente, ser “imposto” através da divulgação massiva de um “novo dicionário” usando as “novas regras”. E se essa divulgação pudesse ser feita pelo próprio Estado, tanto melhor. Foi este o caminho escolhido pelos defensores dessa “nova língua” a que em Portugal logo se pôs a alcunha de “acordês”.
Ministro socialista
digitalizar0057Houaiss era agora ministro da Cultura de Itamar Franco. Numa entrevista concedida ao programa televisivo Roda Viva, da TVCultura, em 16 de Novembro de 1992, o dicionarista deixou claro o seu propósito de dinamizar “um instituto que, por iniciativa do Estado, fizesse na área da cultura do livro aquilo que a cultura privada não queria fazer”. E confessou, indo direito ao assunto: “A Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) tem uma capacidade de distribuição acima de qualquer distribuidora de livros no Brasil. E ela, a título não oneroso, poderá fazer isso para os editores privados, que terão seu livros circulando pelo Brasil inteiro, com uma diminuição de carga de despesas bem substancial. Essa é a linha que eu estou imaginando poder fazer”.
Durante essa entrevista, o escritor Ivan Ângelo ainda tentou introduzir a questão em que toda a gente pensava mas poucos se atreviam a colocar. “Parece que há grandes grupos da indústria cultural, nos dois países, Brasil e Portugal, interessados no acordo, porque isso fará com que se abra um mercado dos países africanos, para dicionários, fascículos, livros escolares, livros didácticos”, sugeriu o romancista. E perguntou com candura: “O senhor sente ou já sentiu alguma vez a presença dessa indústria cultural no favorecimento, ou no apressamento, ou algum ‘lobby’ para que esse acordo saia o mais breve possível para aumentar os seus negócios internacionais?”.
Mas Houaiss deixou a pergunta sem resposta directa. Em contrapartida, reconheceu que “aspirava”, com o seu “vocabulário ortográfico pan-lusofônico”, chegar a “20% da população, tendencialmente 25, 26, 27%”. E isto só poderia conseguir-se com o auxílio do Estado na distribuição de exemplares pelas escolas e organismos oficiais.
Surpreende a franqueza com que Houaiss confessou, na mesma entrevista: “Eu evidentemente tenho subjacente em mim uma direcção socializante, certas visões de relevo derivam dessa minha própria formação”. E, assim, o autor da ideia da “unificação ortográfica” e autor do primeiro dicionário comercial baseado nessa ideia tornava-se agora, como ministro, o promotor desse mesmo dicionário através dos organismos estatais da sua tutela.
E não era desprezível, o auxílio que a FAE podia prestar aos editores comerciais de dicionários. Criado em 1983, este organismo tinha a seu cargo a aquisição, difusão e distribuição gratuita de livros didácticos destinados aos alunos das redes públicas de ensino, excluindo expressamente da lista as obras “desactualizadas”. Era uma pescadinha de rabo na boca.
O aliado português
Entretanto, Houaiss garantira em Portugal a colaboração de um aliado providencial: o linguista João Malaca Casteleiro. Oriundo da área de Filologia Românica, Casteleiro era desde 1981 professor da Universidade de Lisboa e participara, em representação da Academia das Ciências, no primeiro Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, em 1986.
Preparando as grandes alterações que o acordo ortográfico fazia adivinhar, e enquanto Houaiss trabalhava no Brasil para concluir o seu opus magnum, Malaca Casteleiro lançou-se em Lisboa à tarefa de coordenar um “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea” patrocinado pela Academia das Ciências, incluindo estrangeirismos, coloquialismos, brasileirismos e africanismos.
A tentativa não lhe correu bem: ao fim de mais de dez anos de trabalho (financiado pela Fundação Gulbenkian e pelo Ministério da Educação), o “Dicionário da Academia” era acolhido pelo público e pela comunidade académica com uma indiferença gelada. Em 2006, aquando do lançamento comercial da obra, pela Editorial Verbo, o próprio editor reconhecia: “o Dicionário tem falhas, tem lacunas e precisa de ser urgentemente revisto”.
Na sequência do malogro, Malaca Casteleiro foi afastado da presidência do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia e dedicou-se à elaboração de dicionários de edição comercial, utilizando a “nova ortografia” que ele próprio ajudara a definir e chegara a recomendar oficialmente, em nome da Academia.
Em 2007 solicitou (e obteve) um financiamento público de 70 mil euros para elaborar um “Dicionário Ortográfico e de Pronúncias do Português Europeu”, com a participação de uma empresa privada de edição de livros, a Opifício Limitada. Entretanto, surgira em 2002 como coordenador da versão nacional do “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, que já teve edições pelo Círculo de Leitores e pela Temas & Debates.
Vasco Graça Moura acusa
Ainda em 2012, o escritor Vasco Graça Moura, recentemente falecido, escrevia (no Diário de Notícias) que “o professor Malaca tem-se especializado em produções de medíocre qualidade, como o famigerado e redutor dicionário da Academia das Ciências, abominável exercício de encolhimento do português contemporâneo”. E Madalena Homem Cardoso, destacada activista anti-acordo ortográfico, escrevia no seu ‘blog’ na internet sobre os dois grandes promotores do “acordês” no Brasil e em Portugal: “O que é que existe em comum entre Malaca Casteleiro e Houaiss? Ambos têm raízes genealógicas fora da cultura de língua portuguesa.
Houaiss foi filho de pais emigrantes libaneses chegados ao Brasil sem saber falar uma palavra de português. Malaca Casteleiro tem a suas raízes genealógicas na ex-Índia portuguesa, onde o português nunca foi língua comum. Para nenhum deles, portanto, o Português é Língua Materna; não o é, pelo menos, com a profundidade/densidade/qualidade que ela tem para a maioria de nós. Isto é importante que se diga, para que se compreenda esta evidente leviandade no delapidar de um património tão rico”.
Entretanto falecera no Brasil (em 1999, com 83 anos) o primeiro e principal promotor do acordo ortográfico, Antônio Houaiss. À data do seu passamento, o acordo era ainda uma incerteza: assinado pelo governo de Brasília, não entrara ainda em vigor e cresciam à sua volta as vozes críticas.
Mas Mauro de Salles Villar prosseguia na elaboração do “Dicionário Houaiss”, certo de que (como veio a suceder) as autoridades brasileiras colaborariam na sua compra e difusão. Prudentemente, Antônio Houaiss criara em 1997 um “Instituto” com o seu nome, em cuja delegação portuguesa passou a pontificar Malaca Casteleiro.
Acontecesse o que acontecesse com o acordo, o projecto de edição comercial mantinha-se, agora no âmbito do “Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia”, com sede no Rio de Janeiro, e da “Sociedade Houaiss Edições Culturais”, sediada em Lisboa. Apesar das designações de sabor científico, trata-se de duas empresas de responsabilidade limitada. O Instituto, no Rio de Janeiro, passou entretanto a editar freneticamente, estando hoje massificados o “Dicionário Houaiss” (concluído em 2001), o “Mini Houaiss”, o “Meu Primeiro Dicionário Houaiss”, o “Dicionário Houaiss de Sinônimos e Antônimos” e uma miríade de outros títulos, como “Gramática Houaiss” e “Escrevendo pela nova ortografia/Como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa”. O negócio continua.
Golpe e negócio
No final dos anos 90, contudo, havia razões para pensar que o acordo ortográfico corria o risco de “não passar” no Brasil. Muitos escritores, professores e académicos manifestavam reservas, e a própria Academia Brasileira de Letras resistia à sua promulgação. O acordo estava esquecido, e era provável que nunca entrasse em vigor. Foi então que, em 2006, ao tempo da presidência do esquerdista Lula da Silva, antecessor de Dilma Rousseff à frente dos destinos do Brasil, uma reviravolta acabou por impor aos brasileiros, gostassem ou não, a “unificação ortográfica”. Quem o conta é o professor Sérgio de Carvalho Pachá, então lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras (ABL), em entrevista a Sidney Silveira, do Instituto Angelicum de Filosofia.
Respondendo à pergunta “Quem foi a pessoa que promoveu este golpe?”, Pachá revelou: “A Academia elegeu um homem que, por temperamento, gostava de aparecer nos Media, na televisão [Marcos Vinícios Vilaça, presidente da ABL em 2006-2007 e 2010-1011]. Uma das primeiras providências desse senhor foi criar um escritório de divulgação, dirigido por um indivíduo cuja função fosse promover as autoridades da ABL nos Media, através de menções nos jornais e na televisão. Este homem era pago, muito bem pago, para ‘badalar’ a Academia. Um belo dia, este indivíduo ouviu dizer que dormia nas gavetas, havia mais de dez anos, um projecto de ‘unificação’ ortográfica. Este homem não era professor de Português, não era linguista, não era filólogo: era um jornalista [Antônio Carlos Athayde, assessor de Imprensa da ABL]. Ele ouvir dizer [que havia esse projecto] e logo pensou em ‘unificar tudo’. Ele correu para o presidente e disse: ‘presidente, eu tive uma ideia que não vai tirar mais a ABL dos Media. Nós vamos promover a unificação ortográfica’. E o presidente, que não entendia absolutamente nada de ortografia ou de sistemas ortográficos, imediatamente comprou aquela ideia genial e a Academia mais que depressa começou a promover a ‘unificação’ ortográfica”.
Para esta reviravolta muito contribuiu o gramático Evanildo Bechara, que começara por ser um dos mais acérrimos críticos do acordo e que em 2006 mudou repentinamente de opinião e passou a defendê-lo. Só um pouco mais se tarde se percebeu porquê: em breve era publicado o seu livro “O que muda com o novo acordo ortográfico”, vendido aos milhares pela editora brasileira Nova Fronteira…
Conclui Sérgio de Carvalho Pachá: “Eles tinham já o gramático de plantão, o ortógrafo de plantão, que se transformou no grande propagandista da ‘unificação’ que não unifica coisa nenhuma. Para quê chamar outros filólogos, que poderiam introduzir controvérsia? […] A ABL não fez isso com o intuito generoso de unificar as grafias da Língua Portuguesa. Não: foi um golpe de publicidade […]. Foi vender gato por lebre. Foi uma balela desde o começo […], uma fraude”. Não tardou muito que o lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras fosse despedido e Lula da Silva decretasse o uso compulsivo do “novo Português” em todo o Brasil.
Em Portugal, o acordo ortográfico foi introduzido no dia-a-dia da administração pública e do ensino oficial, mas a sua aplicação definitiva e vinculativa só terá efeito a partir do momento em que estiver ratificado por todos os países lusófonos. Falta que Angola o faça, e em Luanda crescem as dúvidas sobre se isso algum dia virá a acontecer. A decana da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto e ex-directora executiva do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Amélia Mingas, resumiu desta forma a opinião da comunidade académica do seu país: “o governo angolano é o único que não ratificou [o acordo ortográfico] e eu estou plenamente de acordo com isso, porque a variação que a língua portuguesa sofreu no nosso país não está ali considerada”.
O poder dos negócios e da política parece, até hoje, ter vingado. Mas nem tudo está perdido.

samedi 16 mai 2015

Conheça os cursos superiores em que Portugal é mais forte

Universidade do Porto é a instituição portuguesa em melhor posição. Ranking inclui também Coimbra, Lisboa, Nova e Minho.

Conheça os cursos superiores em que Portugal é mais forte

Porto, Coimbra, Lisboa, Nova e Minho são as cinco universidades portuguesas que aparecem, em 2015, nas listas QS das melhores universidades do mundo por áreas de ensino e investigação. E há portuguesas em 20 das 36 áreas analisadas pelo QS‘Top Universities', o que equivale a 56%.

A análise destas tabelas (ver infografia em baixo) permite concluir ainda que a área onde Portugal tem mais universidades é Medicina (quatro). A seguir, com três presenças portuguesas, estão Engenharia Civil, Ambiente, Matemática e Línguas Modernas.

Outra conclusão que é possível tirar são as áreas onde Portugal alcança uma colocação mais elevada, ou seja, antes da 150ª posição. São elas Porto em Agricultura; Porto, Coimbra e Minho em Engenharia Civil; Coimbra e Lisboa em Geografia; e Lisboa em Línguas Modernas. Engenharia Civil da Universidade do Porto é o único curso português que consegue estar antes da 100ª posição. A universidade portuguesa que aparece em mais áreas no "QSWorld University Ranking by Subject" é a do Porto: 13 vezes, seguida de Coimbra em dez, Lisboa em sete, Nova em cinco, e Minho numa área.Porto é também a que aparece mais vezes como a mais bem colocada a nível nacional.

AUniversidade do Porto aparece em Engenharia Química, Engenharia Electrotécnica, Engenharia Mecânica, Agricultura e Silvicultura, Farmácia e Farmacologia, Ambiente, Línguas Modernas, Informática, Biologia, Medicina, Química e Matemática. A Universidade de Coimbra surge em Engenharia Civil, Ambiente, Geografia, História, Direito, Biologia, Química, Matemática, Medicinae Línguas Modernas. Já aUniversidade de Lisboa aparece em Geografia, Línguas Modernas, Estatística, Inglês e Literatura, Matemática, Medicina e Física e Astronomia. Quanto à Universidade Nova surge em Contabilidade e Finanças, Engenharia Química, Ambiente, Medicina e Química. Por último, a Universidade do Minho consta em Engenharia Civil.

No ‘ranking' geral de universidades divulgado em Setembro passado pela QS - que ainda não foi divulgado em 2015 -, a universidade portuguesa melhor colocada é a do Porto na 293ª posição, aNova em 312º lugar, Coimbra em 351º, Lisboa entre a 501ª e a 550ª posição e a Católica entre a 601ª e a 650ª.

Nas melhores do mundo, aparecem neste ‘ranking' geral o MIT (1º), Cambridge (2º), Imperial College de Londres (3º) e depois , com os Estados Unidos e o Reino Unido a dominarem o ‘top ten', Harvard, Oxford, University College de Londres, Stanford, California Institute of Technology (Caltech), Princeton e Yale.

A empresa Quacquarelli Symonds publica vários ‘rankings' de universidades de todo o mundo em www.topuniversities.com.
In Económico, 16/05/2015

vendredi 17 avril 2015

Nova associação de professores rejeita acordo ortográfico nos exames nacionais

A defesa da possibilidade de os estudantes utilizarem, este ano, ambas as grafias, nas provas nacionais, é a primeira iniciativa da nova associação, a Anproport.
  
Fernando Nabais, presidente de nova associação de professores de Português Paulo Pimenta
A primeira iniciativa da direcção da Associação Nacional de Professores de Português (Anproport), que este sábado faz a sua apresentação pública, será reclamar junto do Ministério da Educação e Ciência (MEC) que seja permitido o uso da grafia de 1945 aos estudantes que este ano fazem exames nacionais de Português. O presidente, Fernando Nabais, argumenta calendário de aplicação à avaliação externa do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) foi estabelecido “na expectativa de que a nova grafia estaria, nesta altura, consolidada, o que está muito longe de se verificar”.
“A Anproport não foi criada contra o AO90 nem se afirma contra ele. Mas defende que o acordo deve ser debatido e avaliado e que, se se concluir que é prejudicial, deverá revogado”, disse Fernando Nabais, em declarações ao PÚBLICO. Sublinhava, assim, um dos pontos em que a Anproport se distingue da Associação de Professores de Português (APP), criada em 1977, cuja actual presidente, Edviges Ferreira, afirmou, recentemente, que “se o MEC determina que o AO90 é para cumprir, [os professores] só têm de obedecer”.
Segundo Fernando Nabais, a perspectiva da nova associação é que “nada passa a ser positivo pelo único facto de estar legislado. No que respeita à ortografia, em particular, diz, “o que actualmente se verifica é o caos, que resulta da utilização simultânea de ambas as grafias e do que não é uma coisa nem outra”. “Não é invulgar depararmos com palavras que não existem na publicidade, nas legendas da televisão e até em documentos oficiais”, repara. Considera que a situação é especialmente grave em relação aos alunos do 12.º ano, para os quais uma centésima a menos ou a mais pode determinar a entrada ou não num curso do ensino superior. Isto porque, no limite, os estudantes podem perder até quatro valores (em 20) devido a erros ortográficos, sublinha.
Outro dos motivos que Fernando Nabais aponta para que parte dos docentes da disciplina não se reveja na mais antiga associação profissional, é a postura daquela face “ao regresso dos clássicos e à revalorização da história da literatura e da própria literatura” no novo programa do ensino secundário, que será aplicado pela primeira vez no próximo ano lectivo.
“Ouvimos a presidente da APP defender que do programa deviam constar autores mais recentes e mais próximos da realidade dos alunos, que de contrário passarão a detestar a disciplina. Já nós consideramos inaceitável que um aluno possa fazer 12 anos de escolaridade sem saber que D. Dinis ou Fernão Lopes escreveram uma linha. Quando se toma este tipo de decisões, o critério não pode ser se os alunos se identificam ou não imediatamente com as obras”, disse, defendendo “o rigor e a exigência”.
Contactada pelo PÚBLICO, a presidente da APP, Edviges Ferreira, assegurou que a direcção da associação se fará representar na apresentação pública da Anproport, marcada para as 11h deste sábado na Biblioteca da Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa. “Na medida em que tem nos seus órgãos sociais os autores das metas e dos novos programas de Português, é muito natural que as pessoas que integram a nova associação não se revejam nas posições da APP, que os tem contestado publicamente. Mas isso não tem mal nenhum, tornará o debate mais interessante, pelo que fazemos questão de estar presentes e de desejar as maiores felicidades aos nossos colegas”, afirmou.
Quanto ao AO90, Edviges Ferreira esclareceu que “a APP nunca tomou uma posição favorável ou desfavorável” por entre os seus associados “não existir unanimidade em relação ao assunto”. Segundo diz, “existindo professores de Português que concordam com a aplicação do AO90 e outros que discordam”, “a única posição possível da associação é colocar isso em segundo plano e proteger alunos, cumprindo a lei e os despachos que determinam que este ano o AO90 é aplicado na avaliação externa”.
Em relação ao programa do secundário, Edviges Ferreira recordou o parecer da APP feito na altura da sua apresentação. Nessa ocasião,  a presidente da APP criticou o elevado número de obras literárias incluído no programa, o facto de aquele ser excessivamente extenso e prescritivo (com a indicação de capítulos específicos de cada obra e até de excertos e de poemas) e a sua alegada desadequação, por exemplo, a alunos do 10.º de escolaridade, “um ano crítico, marcado por altos níveis de insucesso, por corresponder a uma fase de transição e por as turmas serem muito heterogéneas”.
A APP já se manifestoum também contra o novo programa de Português e Metas Curriculares para o Ensino Básico, cuja consulta pública terminou esta sexta-feira. Defendeu, em concreto, a sua não homoligação, por considerar que o documento "tem erros educativos e científicos". A Anproport não emitiu qualquer parecer sobre esse ou outros assuntos, disse Fernando Nabais, que adiantou que essas serão tarefas para desenvolver nos próximos meses.
, 17/04/2015