Exmos. Senhores Para divulgação, remeto, em ficheiro anexo, o texto da tomada de posição pública
do Colectivo para a Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro recentemente
constituído em França. Este documento foi já enviado ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, ao Secretário
de Estado das Comunidades Portuguesas, à Presidente do Instituto Camões e
a todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da República. Em reunião, realizada recentemente, o mesmo Colectivo decidiu promover um
abaixo-assinado, que será posto a circular no início da semana. Entretanto, uma delegação do Colectivo para a Defesa do Ensino do Português
no Estrangeiro será recebida pelo Embaixador de Portugal em França, Dr. Seixas
da Costa, na próxima terça-feira, dia 29 de Novembro, às 17,30 horas. Certo da melhor atenção, apresento os meus melhores cumprimentos. Raul Lopes Membro do Colectivo para a Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro Presidente da Associação Portuguesa Cultural e Social de Garches
Em Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro 1. O Colectivo para a Defesa do Ensino do Português
no Estrangeiro, reunido a 24 de Novembro em
Paris, considera que as medidas levadas a cabo
pelo Governo de Portugal visam a eliminação de um
direito inalienável do cidadão português residente no estrangeiro: o direito à aprendizagem da
língua portuguesa. Este mesmo Colectivo promete fazer tudo o que está ao seu alcance, no sentido de
mobilizar a Comunidade Portuguesa presente em França (pais, alunos e professores)
para que, unidos e solidários, lutemos pelo direito que nos é atribuído pela
Constituição: o direito a aprender o nosso próprio idioma. 2. Esse direito, previsto na Constituição da República (artigo 74º: Assegurar aos
filhos dos emigrantes o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa)
tem sido constantemente desrespeitado. Devido a esta política preconceituosa,
o cidadão português residente no estrangeiro vê-se secundarizado e descriminado, pois o Estado português não cumpre o seu dever e missão. Não há portugueses de
primeira (os que vivem em Portugal) e portugueses de segunda (os que vivem no
estrangeiro). Somos todos portugueses. 3. Assim, a “reestruturação total da rede de ensino do português no estrangeiro”
que o Governo pretende levar a cabo até ao final de 2011 é:
INCONSTITUCIONAL, LESA-CULTURA E LESA PÁTRIA. 4. O Governo decidiu suspender, a partir de Janeiro 2012, a comissão de
serviço a 50 professores na Europa (20 em França). As aulas serão, assim,
abruptamente interrompidas a meio do ano lectivo, deixando sem aulas cerca de
5000 alunos. Esta decisão, se não fosse trágica, seria, no mínimo, cómica, tal é o
irrealismo e a falta de respeito demonstrada pelo Ministério dos Negócios
Estrangeiros. O Governo ameaça com novos despedimentos para o verão. 5. O Governo, a efectuarás esta “reestruturação”, prova de uma vez por todas
não estar à altura do pendor universal e universalista da língua e cultura portuguesas.
A língua portuguesa (a quinta língua mais falada no mundo) não se coaduna
com as mesquinhas e ridículas perspectivas economicistas desenvolvidas por
políticos sem visão de futuro. A língua e a cultura portuguesas são a principal
mais-valia de Portugal e não têm preço. 6. No caso da França, existem já organismos oficiais franceses que se mostraram
chocados e escandalizados com estas medidas do Governo português. As autoridades francesas mostram-se mais preocupadas com o futuro da língua
portuguesa do que o Governo de Portugal. 7. O “ensino do português como língua materna” deverá sobrepor-se ao “ensino
do português como língua estrangeira”. O ensino da língua portuguesa deverá
estar em pé de igualdade com o ensino da língua oficial do país de residência.
Os nossos filhos deverão ter a oportunidade de falar, pensar e sentir em português. 8. O Ensino do Português no Estrangeiro é o principal vínculo que liga os
lusodescendentes a Portugal. Sem o EPE, Portugal perderá esse pilar e mocional, ficando, obviamente, ainda mais pobre. Numa perspectiva economicista,
tão cara aos tecnocratas que lideram Portugal, podemos referir que os emigrantes
portugueses enviam para Portugal remessas no valor de dois mil milhões de euros
por ano. Esse filão poderá terminar. 9. O Colectivo para a Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro apela à
mobilização de todos os portugueses contra a “reestruturação” do Ensino do
Português no Estrangeiro. Uma “reestruturação” inconstitucional que ataca as
comunidades e, acima de tudo, a sobrevivência da língua portuguesa no seio
dos milhões de lusodescendentes que existem na Europa e no mundo. Puteaux, 24 de Novembro de 2011 Os membros do Colectivo para a Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro Ana Silva, professora do EPE Ana Vicente, professora do EPE António Fonseca, vice-presidente do Conselho Permanente do CCP Helena Neves, presidente da ACFPI de Viroflay Isabelle Gonçalves, presidente da ACP de Courbevoie-La Garenne Jaime Alves, vice-presidente da AFP do Puteaux José Afonso, presidente da AFP do Puteaux José Azevedo, professor do EPE José Cardina, presidente da CCPF Júlio Frederico, vice-presidente da Filarmónica de Paris Kathy de Azevedo, membro da direcção da AFP do Puteaux Manuel Brito, presidente da ARCOP de Nanterre Nuno Gomes Garcia, arqueólogo e escritor Parcídio Peixoto, membro do CCP Raul Lopes, presidente da APCS Garches Comentário: Acabo de ler no "Horizonte Português" aquele manifesto do "Coletivo...": estou de acordo com tudo, menos com o facto de já estarem a aplicar o AO!... Perdem logo metade da credibilidade, pelo menos, ao aceitar em de maneira seguidista e acrítica esta vandalização da língua que dizem pretender defender... Ainda não perceberam que é justamente esta onda de promoção da "internacionalização" da língua portuguesa (entenda-se, na versão do Brasil...), cujo instrumento privilegiado é o AO, que subalterniza a língua materna dos portugueses, os de cá e os de fora?! Na óptica destes iluminados, 15 milhões de portugueses não contam, face aos quase 200 milhões de brasileiros (mesmo que uma boa parte seja praticamente analfabeta e pouco fale português...). E também ainda não perceberam que esta gente que nos governa "despreza" os emigrantes?!... MJ Abranches |