Afirmações
Extracto da entrevista de Francisco José Viegas ao “Correio da Manhã”, 20 Out. 2011:
"ACORDO ORTOGRÁFICO DÁ CONFIGURAÇÃO MAIS PODEROSA À LÍNGUA"
- O Acordo Ortográfico é irreversível?
- Nas actuais circunstâncias, penso que sim. Mas o facto de ser irreversível não quer dizer que não seja corrigível.
- Sente muito entusiasmo em Portugal pelo Acordo Ortográfico?
- Não, não sinto. Pessoalmente, acho que teria sido melhor se tivesse sido possível não começar a discutir o Acordo Ortográfico. Mas como o fizemos é preferível aproveitar o que tem de bom: dá uma configuração mais poderosa à língua portuguesa.
- Sob o comando do Brasil...
- Daqui a uns anos o português de Portugal desaparecerá da Internet, engolido pela variante mais forte, que é o português de Brasil. É preferível assumir que essa situação existe e tentar fazer o melhor.
Não o ofende ler palavras como "atividade" ou "espetáculo"?
- Ofende-me mais quando as pessoas dão erros de ortografia evidentes, que resultam de má aprendizagem, desconhecimento, ignorância e desinteresse pelo português. O Acordo não é uma derrota para ninguém, mas também me parece que muitas pessoas que agora estão preocupadas com algumas figuras ortográficas não se preocuparam ao longo dos últimos 20 anos com a desgraça nos rodapés das televisões, nos cabeçalhos dos jornais, na escola... A certa altura o Ministério da Educação deu indicações para não serem tidos em conta os erros ortográficos numa prova escrita de Português.
...
Reacções
Li a entrevista de FJV. Resumindo, as grandes linhas da política “nacional” para a língua materna dos portugueses são:
- O Acordo Ortográfico, que é “irreversível”, mas “corrigível”. (Daí que logicamente e com toda a honestidade esteja já em aplicação nas escolas e em breve na administração pública…).
- Como o AO já está aí, “é preferível aproveitar o que tem de bom: dá uma configuração mais poderosa à língua portuguesa.” (O que isto possa significar em termos linguísticos ou outros não se vislumbra…).
- “Daqui a uns anos o português de Portugal desaparecerá da Internet, engolido pela variante mais forte, que é o português do Brasil. (Grande desígnio nacional, defendido publicamente, sem complexos! …).
- “É preferível assumir que essa situação existe e tentar fazer o melhor.” (Isto é, sejamos pragmáticos: vamos dar uma ajuda, pois o mais fácil é macaquearmos a ortografia do Brasil, para parecermos brasileiros e mais rapidamente desaparecermos…).
Ao serviço desta causa “nacional”, a Secretaria de Estado da Cultura também “apoia” (isto significa o quê?) essa colecção que por aí anda, destinada a massacrar os nossos clássicos!
Portugal no seu melhor!
MJ Abranches