lundi 18 janvier 2016

Carta à candidata Maria de Belém

«Ex.ma Senhora Dr.ª Maria de Belém,

Acabo de dar uma vista de olhos por este sítio da candidatura de Maria de Belém e fiquei decepcionada por verificar que usa o "acordês" em vez da língua de Portugal! Na Presidência da República eu, cidadã portuguesa, professora de Português (agora reformada), quero ver alguém que conheça o valor da nossa língua materna e se comprometa  publicamente a tudo fazer, para acabar com o vergonhoso  e a todos os títulos indefensável Acordo Ortográfico de 1990.
Os meus cumprimentos,

Maria José Abranches Gonçalves dos Santos - Lagos» 

jeudi 14 janvier 2016

“Discurso Direto”

Caros Amigos,

A educação está de novo na ribalta! Para melhor, para pior? Pessoalmente não sei e não posso dar, portanto, a minha opinião sobre isso. O que me parece grave é este modo político de actuar que vem marcando a educação nacional há anos: sem debate, sem esclarecimentos, sem análises aprofundadas e esclarecidas, vai-se mudar de novo. Em suma, o laboratório experimental continua a funcionar, com as pequenas cobaias sempre ao dispor! 

Como a mensagem que tentei enviar ao programa "Discurso Direto", da TVI, com Paula Magalhães, por três vezes me foi devolvida (postmaster@MEDCAP.PT), decidi reencaminhá-la para os meus contactos habituais (ver abaixo). 

Ex.mos Senhores,

Tenho estado a seguir este programa e tentei intervir por telefone, mas não consegui. Fui professora de Português e Francês e, embora reformada, não posso alhear-me dos problemas da educação, pelo respeito que me merecem as crianças e jovens do meu país e o futuro de Portugal.

A minha pergunta é esta: como é possível, mais uma vez, discutir a educação em Portugal, sem pôr em causa a 'imposição ditatorial e anti-democrática', no sistema de ensino, do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), que nos destrói a língua - nosso património colectivo identitário e estruturante - e tem sido condenado pelos mais credenciados especialistas e recusado pela grande maioria dos portugueses? E mais uma vez, pais, encarregados de educação, professores e políticos calam-se, dobram-se e nem sequer questionam o AO90 em si nem os processos duvidosos que conduziram à sua aprovação e aplicação entre nós, nomeadamente a RES. AR n.º 35/2008 e a RES. do Conselho de Ministros de José Sócrates n.º8/2011, de 9 de Dezembro de 2010, prontamente posta em prática pelo governo de Passos Coelho, a partir do ano lectivo de 2011-2012.

Para quem não leu ou anda muito distraído, proponho a leitura de um texto meu, já publicado no sítio da ILCAO:    
"A HERANÇA"
Verba volant, scripta manent...:


Os meus cumprimentos,
Maria José Abranches Gonçalves dos Santos
Lagos

lundi 11 janvier 2016

CARTA ABERTA A ANTÓNIO COSTA, PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL

Por Isabel A.
Porque o que disse na “Quadratura do Círculo” sobre o AO/90 é bastante grave, para ser dito por um primeiro-ministro: é um atentado à inteligência de milhares de Portugueses; é uma desonra para Portugal, é um insulto à Lusofonia; é uma violação ao direito das crianças aprenderem uma Língua Materna íntegra.
António Costa, instado por José Pacheco Pereira na "Quadratura do Círculo" especial (SIC Notícias, 08/01/2016), pronuncia-se pela primeira vez sobre o Acordo Ortográfico na qualidade de primeiro-ministro: «Não faz sentido mexer no Acordo Ortográfico. Eu, por mim, não teria tomado a iniciativa de fazer o acordo, mas não tomo a iniciativa de o desfazer.» (Tradutores Contra o AO/90)
Exmo. Senhor Primeiro-ministro de Portugal,
Não posso ficar calada perante o que na passada sexta-feira ouvi Vossa Excelência dizer na “Quadratura do Círculo”, quando confrontado com a monumental cacetada que José Pacheco Pereira, falando por milhares de portugueses, deu ao AO/90.
Confesso que esperava outra resposta de alguém que não poupou meios para chegar ao poder, em nome da mudança que queria para Portugal, tendo como palavras de ordem: rever, revogar e reverter as medidas tomadas pelo anterior governo, que Vossa Excelência tanto criticou e quis, porque quis, substituir.
Pasmei com a resposta que deu à pergunta de José Pacheco Pereira.
Primeiro, porque me pareceu bastante superficial, e deu a entender que percebe tanto do AO/90, como eu de Física Quântica, ou seja, nada, deixando o seu eleitorado muito, muito desiludido, pelo que consegui apurar.
Segundo, porque ficou muito mal a um Primeiro-ministro o facto de estar-se completamente nas tintas para um assunto de suma importância para Portugal e para os Portugueses, e que atinge a identidade nacional, dado tratar-se da venda da Língua Portuguesa a um país com cerca de 15 milhões de analfabetos adultos (fora os outros) à revelia dos restantes países lusófonos, que se recusam a aplicar esta mixórdia linguística, que dá pelo nome de Acordo Ortográfico de 1990 (no que se mostram muito mais inteligentes do que Portugal), aligeirando os argumentos que levaram àquela resposta indigna de um Primeiro-ministro: «Eu, por mim, não teria tomado a iniciativa de fazer o acordo, mas não tomo a iniciativa de o desfazer».
Isto demonstra a atitude de um senhor feudal, que tem milhares de pessoas à porta do seu castelo a pedir clemência para uma bela dama de alta linhagem que foi condenada ao degredo, porque um outro senhor feudal, que prometeu alargar os domínios do primeiro, por mero capricho, assim o quis. Contudo, o todo-poderoso senhor feudal faz ouvidos moucos ao clamor dessa multidão e manda os seus lacaios executar a pena: envie-se a bela dama para o degredo.
Foi exactamente assim que me soou aquela resposta, despida de qualquer sensibilidade pela Língua Portuguesa. Até me pareceu vislumbrar nela um certo desprezo e cinismo.
E ainda tem a ousadia de dizer que acha que temos convivido todos bem, e ninguém deixou de compreender bem… o dito AO/90, quando milhares de pessoas, em todos os países lusófonos, incluindo Brasil e Portugal (os únicos que aplicaram ilegalmente o AO/90) têm feito um ruidoso protesto ao redor desta imposição absurda?
Isto é andar fora da realidade, ou num faz-de-conta que não sei, não ouço, não vejo, inadequado a um Primeiro-ministro que pretende distanciar-se dos erros cometidos pelos seus antecessores.
Então Vossa Excelência vem dizer que no seu tempo se escrevia Luiz (com Z) e agora é Luís (com S)? Quando quem nasce Luiz, Baptista, Lourdes, Izabel, Queiroz, deve morrer Luiz, Baptista, Lourdes, Isabel, Queiroz? Porque neste AO/90, os nomes próprios, são nomes próprios e não sofrem alterações?
E em que tempo é que se escrevia Luiz com Z? No tempo da avozinha… O senhor ministro será assim tão antigo?
Então Vossa Excelência diz que não faz sentido mexer no AO, e faz sentido deixar que a sociedade evolua naturalmente na sua aplicação?
Qual sociedade? Que evolução, Senhor Ministro?
Este acordo está a ser ilegalmente imposto nas repartições públicas e nas escolas portuguesas que por medo ou ignorância o aplicam, estando-se a enganar as crianças e o povo menos esclarecido.
Este acordo não faz parte de qualquer evolução linguística. Estão mais do que provadas as incongruências, o desatino, a desunião e a desordem ortográfica provocada pelo AO/90, criado unicamente para satisfazer os interesses económicos de uns tantos editores brasileiros e portugueses.
Quiseram unificar a língua e o resultado foi este: a coexistência (nada pacífica) do acordês, do brasileirês e da Língua Portuguesa. Uns escrevem em acordês e brasileirês. Outros escrevem em Língua Portuguesa. E ainda outros escrevem como calha, porque o ensino da língua está depauperado. Cá (em Portugal) e lá (no Brasil).
Os documentos oficiais são uma vergonha. No mesmo texto, ora se se escreve aCtividade (e muito bem) ora atividade (e muito mal). Os livros para crianças ora são colecções (e muito bem) ora coleções - devendo ler-se col’ções (e muito mal).
E sabemos mais. Sabemos que algumas editoras, por mais absurdo que isto seja, controlam os governantes portugueses. Talvez por isso (talvez!) a resposta de Vossa Excelência foi como foi.
O que não faz sentido, senhor primeiro-ministro, é o actual governo andar a revogar tudo e mais alguma coisa, em nome da mudança pretendida, e não revogar esta vergonhosa venda da Língua Portuguesa ao Brasil, e que os Portugueses exigem.
Que democracia será esta?
As novas gerações não merecem este insulto. Esta afronta. Esta violação ao direito de aprenderem uma Língua Materna íntegra, e não uma fraude linguística.
Se Vossa Excelência continuar a insistir nesta posição de senhor feudal, não terá valido a pena ter derrubado muralhas, para invadir domínios alheios. Porque outras muralhas se erguerão, e ficará isolado no seu feudo.
Sendo Português e Primeiro-ministro de Portugal ficava-lhe bem ter dito que o seu Governo iria pensar no assunto, e que a revogação do AO/90 poderia ser uma possibilidade. Mas não disse. Portou-se muito mal.
Ao contrário de Inglaterra, que não se submeteu à gigante América do Norte, Portugal verga-se ao gigante Brasil, como um país indigente, sem dignidade, sem orgulho algum na sua própria História.
Sinto o maior orgulho em ser portuguesa, e gostaria de ter orgulho num Governo que não rastejasse e defendesse os verdadeiros interesses de Portugal e dos Portugueses.
Será que ainda não é desta que poderemos vir a orgulhar-nos de um Governo Português que se mova com verticalidade?
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira. Via Facebook

mardi 5 janvier 2016

Vai manter-se o silêncio?

Péssimas notícias para um início de ano as que hoje encontrei no PÚBLICO, relativas ao Acordo Ortográfico de 1990:
1. "Sobem para 215 milhões os falantes de português a usar o Acordo Ortográfico", da Lusa, com esta nota por baixo da imagem que 'ilustra' o texto: "O Acordo já tem o processo de implementação ‘finalizado’ em Portugal, onde entrou em vigor a 13 de Maio de 2015, apesar da oposição de grupos da sociedade civil."
2. "Acordo entra hoje em vigor no Brasil depois de três anos de polémica".
E eu pergunto aos portugueses, se é que ainda há disso por aí: vai manter-se o silêncio que tão bem tem servido os interesses dos defensores do AO90, designadamente os da indústria editorial? Essa gangrena que cresce por todo o lado, com particular e inaceitável visibilidade no domínio do Ensino – básico, secundário e superior – a maior vergonha nacional desde que estamos em democracia, vai acabar por impor-se? E não se ouve praticamente ninguém, desde que a voz incansável e vibrante de Vasco Graça Moura se calou para sempre?!
Será que vamos ter mais uma campanha eleitoral, agora para a Presidência da República, a ignorar ostensivamente este tema, com a habitual conivência dos 'media'? Os que lutaram contra a ditadura, a PIDE, a censura, a guerra colonial, e que conduziram Portugal à democracia, mereciam esta indignidade, esta cúmplice passividade, esta cobarde aceitação, perante o maior atentado alguma vez perpetrado contra a nossa língua materna?
Termino, com a expressão do meu sincero reconhecimento ao PÚBLICO, pela verticalidade com que se tem mantido fiel ao Português de Portugal.
In Público, por Maria José Abranches Gonçalves dos Santos, Lagos, 5/01/2016